quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A ESCOLA CONTROLA

Certa tarde, durante uma sessão de massificação de crianças promovida por mim, uma aluna de 10 anos sussurrou: "AI, COMO EU QUERIA QUE NÃO EXISTISSE ESCOLA."

Ela ainda não sabe que a escola existe justamente para ela deixar de pensar assim, para acomodar; ajustar a criança à sociedade. A escola é o lugar dela aprender a controlar seu corpo, sua mente a aprender que nada sabe, que precisa que outras pessoas lhe ensinem conhecimentos e atitudes. Que a vida tem muita coisa chata, sem sentido e hipócrita. Para isso, a escola é a melhor escola.

É... a escola existe, está aí para exercer e ensinar o CONTROLE. Controla e ensina a controlar. A sala de aula é a matriz da massificação exercida pela escola. É prensada pelos professores com o objetivo de modelar cada infante. Pintei o molde na tela abaixo. A ESCOLA CONTROLA!

domingo, 5 de outubro de 2008

POLITICOS-AGEM


TÁ ESCRITA A POSTAGEM...

..POLÍTICA É SACANAGEM

domingo, 7 de setembro de 2008

DESALFABETIZAÇÃO


Tenho visto, lido e falado com tanta gente, ainda mais nesse tempo eleitoral, que lembrei-me de uma campanha que bolamos nos tempos de faculdade.

UMA CAMPANHA DE DESALFABETIZAÇÃO

Naquela época, não deu certo porque faltou material de divulgação, tradutores e porque descobrimos que

DESAPRENDER É MAIS DIFÍCIL DO QUE LER FOUCAULT.

O alfabeto é o canal de entrada e saída de nossa linguagem e poderá ser uma boa idéia começar a desconstruí-lo.

Tanta merda, tantas informações; tanta merda, tantos dados; tanta merda, tanta conscientização, tanta merda; tantas tentavidas de nos merdalizar.

Pensemos nisso, mas sem alfabetizar esse assunto.

O PROFESSOR: UM ÚNICO QUE PRODUZ MASSA por Tiago Juliano Ribeiro Severo

A figura do professor está ligada à figura de uma pessoa que conduz um processo de aprendizagem. Essa personagem chega, e instaura um momento de aprendizagem. É o responsável por conduzir outras pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultas, ao mundo dos saberes.
Ela ou ele é um e trabalha com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. E é esse o assunto das próximas linhas: algumas possíveis ocorrências de um representante da espécie homo sapiens sapiens, quando exerce a função de educar.
Ao decorrer dos anos, uma pessoa habituada a educar/conduzir ganha experiência nessa função. Todos os dias ela cumpre seu ofício. Encontra-se com seus alunos e já sabe o que fazer. Pode ser na academia, num galpão caindo aos pedaços ou noutro local qualquer. É chegar e começar a organizar/dirigir os alunos. Conheço algumas analogias clássicas: como o pastor com as ovelhas; um regente de orquestra com os músicos; um piloto com os passageiros; um pai com os filhos e assim por diante.
Sem grandes preocupações com as linhas de pesquisa da profissionalização docente e da formação de professores, permito-me indagar: o que acontece com um ser que dia após dia se ocupa em ensinar outras criaturas? Que caracteres específicos um ser desses cria em sua essência? Como ele passa a encarar e se postar frente ao mundo que o cerca? Será que existem marcas próprias em quem é “ensinador” profissional?
Proponho o seguinte exercício imaginário: se um outro animal qualquer, um dia, se pusesse a ensinar seus companheiros de espécie, o que haveria de se processar com esse ensinador? Tornar-se-á ele diferente de seus companheiros de espécie pelo fato de ser um ensinante? Eu disse que era um exercício imaginário e não lógico-racional.
É isso que quero pensar. Depois de tornar-se um professor, se adquire uma forma mais ou menos peculiar de encarar a vida?
O que vai acontecendo com o cérebro e com a personalidade, com os sentidos e com o corpo de uma pessoa que através dos anos ocupa-se em ensinar? Seus olhos atentam para alguma coisa em especial? Ele fica mais capaz de realizar alguma tarefa específica quando se trata de lidar com gente? Em que seus ouvidos se colam? Como percebe a movimentação dos corpos no espaço? Quais as prescrições que mais lhe agradam e desagradam? Será que tem como traçar, de forma não totalizante, esse mapa?
Imagino que alguma coisa de diferente aconteça com esse tipo de criatura. Nesses poucos anos convivendo com eles acho que noto alguns rabiscos desta rota possível.
Pelo fato de o professor ser um e os alunos serem mais de um acho isso pode ter algum efeito na sua forma de conviver. Um frente a muitos; será que é assim que uma professora encara o jogo da vida. Ela: uma, responsável por eles, muitos. Só aí já acredito ter material para acontecer alguma coisa na estrutura de um ser humano.
Vamos nessa trilha: um jogador de futebol também trabalha diretamente com várias pessoas. Mas é ele e os outros disputando uma bola. Nesse sentido a bola é que é única e chama a atenção de todos. Os onze jogadores são um cada um e todos têm função única dentro do jogo. Talvez o jogador esteja em situação de unicidade frente aos torcedores, que prestam a atenção em seus movimentos. Frente à torcida o jogador parece-se mais com a figura do professor, que detém a possibilidade de fazer uma jogada dominando a tão absoluta bola e fazer várias pessoas acreditar em algo num só lance. Será que o ar de arrogância ou de prepotência que emergem de alguns afamados jogadores também não tem a ver com a posição que ocupam os professores. Ambos possuem a atenção voltada para eles, únicos em relação com os demais, vários; será que alguma coisa se altera no modo de ser dessas criaturas por ocuparem uma posição de objetos de atenção?
Nessa mesma busca vamos analisar a posição de um agricultor. A criatura planta qualquer coisa e essa é sua ocupação. Ele é um, a terra é uma, o sol é um, a água é uma, as sementes são várias, as ferramentas são várias e as técnicas também são múltiplas. Mas nem as sementes, nem as ferramentas irão lhe dar atenção. Os outros agricultores, que são vários não focam sua atenção neste ou naquele agricultor e assim as conseqüências devem ser diferentes do que acontece com o objeto de estudo deste texto: os professores.
Os agricultores se relacionam com o mundo de uma forma mais igual em número e em atenção: ele tem de prestar a atenção no seu trabalho e as coisas da natureza vão lhe dando respostas determinadas. Eles não detêm o poder de ter outras pessoas dependentes de sua atuação profissional, pois a dependência que existe é indireta e mais difusa. Talvez seja por isso que sinto que os professores em geral têm uma forma de pensar e agir bem diferenciada da forma de agir e pensar que caracteriza os agricultores.
Vejamos uma bancária ou uma outra funcionária de repartição pública. Ela é uma e existe uma fila com várias pessoas. As pessoas prestam a atenção nela para saber se o serviço está andando bem. Por enquanto o serviço não é com elas, e por isso a atenção é um tanto forçada e despreocupada. Cada pessoa chega sozinha a funcionária. Ela é uma e a pessoa é uma. Existe um motivo específico e imediato que trouxe a pessoa até a funcionária e sob esse procedimento está o foco da atenção. É uma relação mais fugaz e determinada por um protocolo pré-estabelecido pelos trâmites burocráticos de praxe. Normalmente não depende muito de pensamentos inéditos da funcionária ou da criação de idéias, ou do repasse de saberes, é uma relação entrecortada por conhecimentos alheios ás duas partes. O negócio é ser rápido e eficaz. Acho que no caso a funcionária tem pouco a ver com os procedimentos que cercam o ofício de lecionar. Pergunto-me então: porque sinto que a chatice que ataca grande parte do funcionalismo público é semelhante à que noto bastante presente na classe docente? Numa primeira análise jogo a culpa sob a questão de que ambos estão condenados a uma rotina de tarefas específicas. Será que a obrigação de atender as suas funções não causa uma anomalia. Uma anomalia chamada profissão? Sei lá, mas a chatice e a falta de criatividade podem ser conseqüências desse fenômeno chamado profissionalização.
E quando um jogador torna-se treinador de futebol, o que acontece com essa figura? E quando um agricultor torna-se professor de agronomia, por exemplo. O que acontece com ele? E se uma funcionária pública vira professora de administração. Que mudanças ocorrem nela?
Não sei bem o que é mais percebo alguma semelhança nestas figuras docentes. Elas se ligam pelo motivo de ocuparem a função de ter sozinha a responsabilidade pela condução de um grupo de pessoas. Penso que essa coisa do um frente a vários realmente cria um modus operandi específico.

Dia após dia a pessoa lida com a situação de emanar dela uma série de conhecimentos que devem entrar na cabeça de muitas pessoas. No decorrer do tempo, penso que o cérebro dessa pessoa vai construindo mecanismos referentes a essa ação retro-alimentada.
Será que passam a se sentir responsáveis por uma partezinha da vida dos seus alunos? Indo nesse sentido posso supor que a professorinha é a agente de uma ação que vai desencadear conseqüências na vida dos alunos; sendo assim alguma coisa na vida de várias pessoas (alunos) depende dos movimentos produzidos por esta única pessoa (a professorinha). Será que é por isso que dizem que os professores são tão importantes para o progresso disso ou daquilo? Pensando assim, essas figuras são realmente essenciais para a difusão de qualquer programa de sociedade, pois cabe a eles a tarefa de repassar os conhecimentos.
É claro que com o advento da televisão, eles perderam um pouco o terreno, mas mesmo assim são essenciais. Mas volto a focar a atenção nas conseqüências para os professores e não para a sociedade. O professor tem tudo para se sentir o rei da cocada preta: ele tem pessoas mais ou menos dispostas a ouvi-lo, possui tempo para “pegar” todo mundo ao mesmo tempo e cercados num só local, possui um aparelho que exige que o que ele ensinou seja plenamente aprendido e ainda ganha dinheiro por isso. Que belo quadro hein!
Indo todos os dias à escola para ensinar fui tendo a sensação de que essa sistemática de dar aulas com freqüência causa certas atitudes na gente. Todos os dias você sabe que terá um encontro com mais de uma pessoa e que nesse encontro você é o responsável por ensinar algo a elas. Mesmo levando em consideração a grande variável de metodologias que os professores utilizam, das mais tradicionais às mais libertárias elas têm uma coisa em comum: trabalham com uma única pessoa ensinando múltiplas pessoas.
As aulas, ou seja, o encontro desses sujeitos únicos deixa de ser um encontro de uma pessoa com outra pessoa e passa a ser o encontro do um com os muitos. De um agente com vários sujeitos. De uma pessoa responsável por instaurar um processo de aprendizagem com várias pessoas convocadas a aprender e melhorarem seu nível cognitivo-cultural.
Sendo assim me pergunto: que poderá sair disso? Um momento frágil em essência humana (seja lá o que isso queira dizer). Uma produção de projeções cognitivas emitidas por uma pessoa, que no momento representa o papel de emissor de saberes diversos, com a finalidade de oferecer um molde para as outras pessoas. Um momento preparado, forjado para a modelagem. Pensando dessa forma o modelo escolar antecipou a revolução industrial que permitiu ao homem multiplicar formas usando placas com vários moldes, que em uma única prensada reproduziam um grande número de objetos idênticos. Só que as “prensadas” escolares deixam marcas que levamos para o futuro, marcas que nos remetem a caminhos retos, estreitos e desgastados.

"A purificação e o controle das testemunhas num plano governamental – que capitaliza o humano por meio de um controle individual, de um disciplinamento e da inserção desses indivíduos em trajetórias fixadas em dispositivos como os currículos escolares – permitem a obtenção de testemunhos úteis a este plano. A partir daí pode-se falar da escolarização enquanto violência, que disfarça nas práticas universalizadoras, práticas uniformizadoras que agem no sentido da prevenção contra todo possível desvio de trajetória na empreitada para formar cidadãos (CORRÊA, in PEY (Org.), 2000, p. 66)."


Produzir objetos identificados entre si: talvez uma boa definição para educação escolar.
Nessa lógica o professor é também um produtor de objetos identificados entre si, um agente que massifica a produção de homens e mulheres conforme os moldes que imprime/prensa. Torna-se uma placa de modelar, sendo modelo para muitos e diminuindo as chances de surgirem seres únicos e mas livres.

O INÍCIO NUNCA TEM FIM

Sejam tod@s bem vind@s!!!
Este é um espaço que usarei para dizer coisas, escrevendo-as;
valorizando esta tão gostosa arte que anda meio garatujada.
Um aviso.
Quando eu usar palavrões, significa que estou meio irritado.
Quando os palavrões forem mais frequentes que as conjunções; a coisa tá ficando braba.
Quando eles vierem arrastando uns aos outros, tudo já se escangalhou de vez.
Puta merda que tempo seco!
Primavera chegue logo!
E segue o baile...